Em junho de 1965, James Hirem Bedford, um renomado professor de psicologia da Universidade da Califórnia, tomou uma decisão ousada: após sua morte, ele queria ser preservado em congelamento criogênico, na esperança de ser ressuscitado anos depois. Naquela época, a Life Extension Society (LES) estava oferecendo pela primeira vez a oportunidade de preservar uma pessoa através dessa tecnologia experimental.
Bedford, que sofria de um câncer agressivo, reservou mais de US$ 100 mil em seu testamento para custear pesquisas sobre criogenia e deixar claro seu desejo de ser criopreservado. Em 12 de janeiro de 1967, após seu falecimento, sua família travou uma batalha judicial para evitar que a quantia fosse destinada à criopreservação e às pesquisas associadas.
O Primeiro Homem
Após ser declarada sua morte legal, o corpo de Bedford foi preparado por Robert Prehoda, pelo médico biofísico Dante Brunol e por Robert Nelson, então presidente da Cryonics Society of California. Para impedir o envelhecimento do corpo, seu sangue foi substituído por um composto de 15% de dimetilsulfóxido e 85% de solução de Ringer, uma tentativa de evitar a destruição celular durante o congelamento.
Ao longo dos anos, o corpo de Bedford passou por cinco laboratórios diferentes, incluindo a Trans-Time, perto de Berkeley, Califórnia, em 1973, antes de finalmente ser transferido para a Fundação Alcor de Extensão de Vida, em Scottsdale, Arizona, onde permanece até hoje.
Desafios e Esperanças
Em 1991, uma reavaliação da condição do corpo de Bedford revelou que sua temperatura externa havia permanecido abaixo de zero durante todo o período. No entanto, com os avanços na medicina e o aprimoramento das técnicas de criopreservação, tornou-se ainda mais improvável que ele pudesse ser ressuscitado.
Desde a década de 1960, mais de 300 pessoas nos Estados Unidos e na Rússia foram submetidas ao processo de criopreservação, países pioneiros nessa área. James Bedford foi o primeiro homem a ser criopreservado, como relatado por Robert Nelson em seu livro *We Froze The First Man*. Embora a possibilidade de ressuscitação permaneça incerta, a história de Bedford representa um marco significativo na busca humana pela extensão da vida e o desafio constante aos limites da ciência.