No Brasil, "comer mosca" é uma expressão figurativa, mas nos Estados Unidos, a crença de que cada pessoa ingere pelo menos oito aranhas por ano enquanto dorme causa verdadeiro pavor. Essa ideia tem assustado muita gente, mas será que ela tem fundamento?
A lenda de que ingerimos aranhas enquanto dormimos provavelmente começou com um artigo de revista em 1993. O autor, ao antecipar a tendência das fake news, mencionou essa estatística bizarra apenas como exemplo.
Rod Crawford, curador de aracnídeos do Museu Burke de História Natural e Cultura em Seattle, afirma que, embora seja possível engolir uma aranha durante o sono, isso seria um evento extremamente raro e aleatório.
Nos Estados Unidos, estima-se que três ou quatro espécies de aranhas vivam na maioria das casas, mas elas preferem áreas não infestadas por humanos. As aranhas são criaturas solitárias e geralmente evitam contato com seres humanos.
Bill Shear, ex-presidente da Sociedade Americana de Aracnologia, explica que as aranhas veem os humanos como grandes partes da paisagem, semelhantes a uma grande rocha.
Além disso, nossos corpos têm mecanismos de defesa naturais para impedir a entrada de objetos estranhos nas vias aéreas. Mesmo dormindo, a epiglote se fecha para evitar que alimentos ou outros objetos entrem nos pulmões.
Muitas pessoas vivem com aranhas sem sequer notar. Elas preferem tecer suas teias em locais tranquilos, como sótãos e porões, longe da atividade humana. Os entomologistas recomendam deixar as aranhas em paz, pois elas ajudam a controlar pragas menores e mais ameaçadoras.
A crença de que ingerimos aranhas enquanto dormimos é mais mito do que realidade. As aranhas, na verdade, evitam os humanos e preferem locais onde não serão perturbadas.
Então, pode dormir tranquilo. A chance de acordar com uma aranha na boca é praticamente nula, e essas pequenas criaturas são mais úteis do que perigosas.